sábado, 25 de junho de 2011

AQUELE SORRISO TÍMIDO


Há milagres que a gente pede porque tem esperança. Há mortes que a gente aceita, porque tem esperança. São dois ângulos da mesma de esperança. A que espera o milagre crê que o céu pode mudar as coisas. A que aceita a morte crê que haverá um encontro, sem dor e sem lágrimas. Até lá, todos esperam, porque apostam que Deus existe. Vi isso nos Bonna, sobretudo na Mizar e no Evandro, quando da morte de sua linda filha Mizar.

Eles sabiam, ela sabia, a família sabia, seu corpo dera inúmeros avisos: um dia a Mizinha iria cruzar o túnel. E todos sabiam que se o fizesse, faria com classe, porque classe é o que Mizinha mostrava em cada sorriso tímido, em cada brincadeira, em cada observação inteligente, que isso ela era demais.

Fui vê-la duas vezes nos seus últimos dias de vida. Lamento não ter podido aprender mais com ela porque minhas viagens não me permitiam ficar em São Paulo naqueles dias. Mas nos dois encontros notei seu sorriso sereno, sua força de quem superava as dores e sua paz. Sou padre há quase 40 anos e sei quando alguém tem medo e quando tem paz. Mizinha tinha paz. Era mais do que conformidade. Era coragem. Coragem de viver, coragem de sofrer e coragem de morrer. Brincou comigo, deixando claro que me queira o amigo de sempre que a fazia sorrir e a quem ela fez sorrir não poucas vezes.

Poucas pessoas conservam o humor no leito de morte. Mizinha o conservou. Por muito menos se canonizava jovens cristãos no passado. Não sei se um dia a chamarão de santa, mas, se morrer em paz como dizem que ela morreu e se sofrer em paz como eu a vi sofrer não for santidade, então temos que mudar a idéia de santo. Aquele sorriso tímido e aquele jeito de brincar com os outros fez muita gente feliz. Como eu creio no céu, tenho certeza que anda brincando com algum anjo ou santo. Como imagino no céu só se respire o bem e o bom humor, Mizinha anda fazendo amigos com aquela timidez que acho que não vai perder nem mesmo no céu. Mizar e Evandro Bonna criaram bons filhos. Deu certo aqui na Terra, dará certo no céu. Mizinha não sumiu. Apenas viajou antes. Em alguns anos espero revê-la. A primeira coisa que farei será provocar seu riso. Ela vai me chamar de tio padre bobalhão e eu saberei que ela saberá que era dela e de gente assim que eu falava quando propunha aos jovens que fossem eles mesmos e não copiassem ninguém. Mizinha não precisou desse conselho. Vi poucas moças serem tão elas mesmas como a Mizinha. Deve ser por isso que foi e continua tão amada. Havia Jesus naquele rosto!

Pe. Zezinho

Site Oficial: http://www.padrezezinhoscj.com/novosite/

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